terça-feira, 30 de abril de 2013

O Dilema dos Agrotóxicos - Por Manuela Ibi

Dra Manuela Ibi – Nutricionista e Acupunturista
Atendimento especializado em vegetarianos, veganos e praticantes ou não de atividade física.

O DILEMA DOS AGROTÓXICOS: QUEM ESTÁ INGERINDO MAIS?
Por Manuela Ibi, nutricionista

De todas as substâncias estranhas ou tóxicas ao organismo (conhecidas como xenobióticos), os agrotóxicos são os que mais provocam dúvidas em relação ao consumo de alimentos de origem vegetal. Os agrotóxicos organoclorados foram os primeiros pesticidas produzidos e, mais tarde, surgiram os organofosforados, carbamatos, piretroides e derivados de trianzinas. A comercialização e distribuição no Brasil de vários organoclorados (entre eles o DDT, Aldrin, Heptacloro, Clordano, Dieldrin, BHC, Hexaclorobenzeno, Canfeno Clorado) foram proibidas em 3 de setembro de 1995.
O uso destes agrotóxicos chegou a contaminar algumas bacias hídricas. No Brasil, mais de 10 anos depois do uso de DDT na natureza, ainda se encontrou contaminação em todas as matrizes de galinhas poedeiras numa região do Rio de Janeiro, com comprometimento dos ovos utilizados para consumo humano.
Além de terem uma degradação lenta (mais de 10 anos), os agrotóxicos têm uma característica peculiar: são altamente lipossolúveis, ou seja, se dissolvem e se concentram em gordura. Isto quer dizer que sua capacidade de infiltração em tecido gorduroso é altíssima e uma vez pulverizados em vegetais percorrem rapidamente a cadeia alimentar da natureza. Mas, o que é cadeia alimentar?

Cadeia Alimentar é a sequencia de consumo a partir dos Produtores, ou seja, dos vegetais, bactérias e fungos. Veja a figura abaixo:

Os pesticidas clorados penetram no organismo por contato cutâneo, vias respiratórias e, principalmente pelo trato digestório, onde a contaminação acontece primariamente pelas ingestão de alimentos com maior teor de gorduras. Animais alimentados com ração são mais expostos à contaminação por consumir a colheita proveniente de regiões com agricultura industrial que usa pesticidas em larga escala.

Estudos com vegetarianas demonstram que o seu leite materno está menos contaminado do que o
de onívoras, explicado pelo fato de os agrotóxicos serem lipossolúveis. Com isso, os consumidores secundários e terciários da cadeia alimentar ficam mais expostos, pois ao comerem outro animal ingerem tudo o que se acumulou no seu tecido adiposo ao longo de toda a vida. O vegetariano estrito (vegano) será exclusivamente consumidor primário.
A maior contaminação humana por agrotóxicos organoclorados é proveniente do consumo de carne e derivados animais, especialmente os ovos. Segundo um estudo, no caso do agrotóxico Aldrin, a ingestão chegava a 348% da ingestão diária aceitável na população geral e a 146% a 183% nos vegetarianos.
Se compreendemos que, pelas diretrizes do Ministério da Saúde, se aceita o consumo de até 100 gramas de carne numa dieta saudável, sua substituição por feijões não trará aumento do nível de agrotóxicos. Os animais, por serem consumidores primários ou secundários e pelo elevado teor de gordura corporal, acumulam resíduos de pesticidas ao longo da vida. O ser humano, como parte final dessa cadeia alimentar, recebe esses xenobióticos concentrados ao ingerir a gordura animal.

Fonte: Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para Adultos – SBV - 2012

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