quarta-feira, 23 de abril de 2014

SAÚDE: O QUE É?

Por Luizangela Monteiro Lopes Bozoni 
Médica gastrocirutgiã e homeopata formada pela UNESP (Faculdade de Medicina de Botucatu). Espírita, preside o Centro Espírita Irmãos Fraternos, em Botucatu. Vegetariana, por filosofia de vida, é integrante e grande colaboradora da UNAVEG.

A "Organização Mundial de Saúde" (OMS) define a saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades". 
Entretanto, todos sabemos que esse é um estado praticamente inatingível, já que podemos estar bem fisicamente, socialmente, e não estarmos bem psicologicamente. Ou, até bem psicologicamente, fisicamente, porém sem nos socializarmos adequadamente.


Diante dessa realidade inegável, como cada um pode ter saúde? Buscar a saúde física a todo custo, procurando todos os médicos possíveis, tomar todos os medicamentos disponíveis, ouvindo suas opiniões e recomendações, buscando na psicologia ou mesmo na psiquiatria a orientação para lidar melhor com seus conflitos existenciais, buscar aceitação do grupo social a qualquer preço, ainda que essa aceitação implique em deixar de lado certas verdades pessoais?

Talvez a resposta seja bem mais simples e acessível do que se imagina. Talvez não seja necessário recorrer a milhares de médicos, terapeutas, psicólogos, e outros profissionais da área da saúde. 

Muitos de nós conhecemos pessoas com saúde física plena, porém em insatisfação pessoal tão intensa, que chegam a evitar o convívio com outras pessoas. No outro extremo temos também aqueles indivíduos que já passaram por muitos contratempos de saúde, dos mais leves aos mais intensos, com internações hospitalares, cirurgias, terapias dolorosas e extensas, que no entanto transbordam alegria e confiança. 

Como seria isso possível? Como entender aí a presença ou ausência de saúde?

Talvez esteja no íntimo de cada um buscar essa saúde tão desejada, tão sonhada... mas, como?

Primeiramente, nos lembrando que viver é uma dádiva, e só por estarmos vivos, somos privilegiados. 

Segundo, cuidar bem desse patrimônio. Como cuidar bem dele? Cuidando do nosso corpo, da nossa mente e das nossas relações. 


Cuidar bem do corpo significa respeitá-lo, respeitar seus limites e sua capacidade, observar os sinais que ele nos emite, seja quando estamos bem ou quando algo parece ter saído do seu estado de equilíbrio. Alimentação equilibrada, balanceada, reconhecer os alimentos que o corpo aceita bem, aqueles que não, entender a alimentação como fonte de saúde corporal e não da saciedade de desejos e vontades (todos sabemos como é um dia seguinte a excessos alimentares e alcoólicos); ingerir água em quantidades adequadas, consumir moderadamente alimentos e bebidas que contenham quantidades maiores de açúcar, gorduras, estimulantes e alcoólicos. 


Outra coisa imprescindível para o nosso corpo, e também para nossa mente, é o sono. Nada melhor que uma boa noite de sono... Acordamos mais dispostos, com ânimo renovado, de bom humor, prontos para enfrentar bem um longo dia de trabalho. 

E por falar em trabalho, muitas situações ocorrem durante um dia em que interagimos com pessoas que, assim como nós, são individualidades em nossos ambientes de trabalho, e devemos nos cuidar para que essas singularidades não afetem nosso desempenho, e o da equipe à qual pertencemos. Bom humor, cordialidade, paciência, respeito, entre outros atributos, em muito nos auxiliam, principalmente nos momentos de conflito. Responsabilidade com nossas tarefas e prazos também. Além disso, principalmente para os que trabalham em ambientes mais fechados, sentados ou em pé, porém com pouca movimentação do corpo, buscar momentos de atividade física, seja numa academia, caminhadas, corridas ao ar livre, etc., etc.... O importante é que seja de nosso agrado, para que não a abandonemos ao menor obstáculo. Nosso corpo e também nossa mente agradecerão. 



Lazer é indispensável, porém há hobbies, passeios e eventos sociais que agradam a cada um particularmente, amenizando a pressão e o estresse gerados no dia-a-dia. Não devemos entender esses momentos como oportunidades para excessos alimentares ou alcoólicos, abusos de toda ordem, que ao final só nos trarão desequilíbrios de toda espécie. Isso soa aborrecido? Desinteressante? Enfadonho? Pensemos a longo prazo, reconheçamos seus benefícios imediatos, sejam nos nossos: relacionamento familiar, na saúde, na produtividade, raciocínio, capacidade de mantermo-nos tranquilos onde outros já teriam descompensado... 

Nosso emocional também merece atenção, e muita. Se nos percebemos irritados, cansados, desanimados, tristes, nosso humor oscilando, dificuldade em mantermos conversas agradáveis com nossos amigos, familiares, ou colegas de trabalho; se nosso sono começa a se alterar, se não há mais vontade de sair e fazer programas diferentes, e nada nos alegra, aí estão sinais de que algo não está bem. Hora de procurar ajuda. Essa ajuda pode vir de um conselho de um familiar, de um amigo, do chefe, da esposa ou marido, do líder religioso, enfim, de pessoas com as quais interagimos, e com as quais nos sintamos à vontade para falar sobre o que nos inquieta. Também é preciso estar alerta para quando se faz necessária ajuda maior, de um psicólogo ou de um médico. Nessa hora, temos que ser humildes e aceitarmos essa ajuda, venha de onde vier.



Entender e aceitar que, com o passar dos anos, nos transformamos e somos transformados, sob a ação do tempo e de nossos hábitos no decorrer da vida, em seres com algumas, muitas ou nenhuma limitação e, consequentemente, nossa autonomia e liberdade de vida estarão diretamente relacionadas a estes, o que em muito nos auxiliariam nas escolhas que fazemos cotidianamente. A decisão, temos liberdade de tomar, porém, seus resultados nos são compulsórios, e vão sendo apresentados ao longo da vida. 

Aceitar a realidade seria um bom primeiro passo. Manter essa disposição de aceitar e entender suas limitações só facilita, uma vez que passamos a entender melhor nossa real situação e assim podemos trabalhar em prol de nós mesmos.

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