O VEGETARIANO QUE PRATICA ESPORTE

Por Manuela Ibi, nutricionista

HISTÓRIA 3: Prática de esporte e o “Repente do ovo, ovo, ovo”.

Sabe aquela música típica nordestina em que os cantores improvisam em cima de uma batida repetida do triângulo? 

Pois é, foi isso que este acontecimento me lembrou, a ponto de batizá-lo de “Repente do ovo, ovo, ovo”. 

Esta história bizarra envolvendo uma esportista me aconteceu ano passado. Esta jovem mulher esportista havia se tornado vegetariana e, preocupada em conciliar tudo, quis buscar a ajuda de uma nutricionista. 

Ficou, porém, num impasse: que tipo de nutricionista escolher? O que prioriza esporte ou o vegetarianismo? A decisão pendeu para o esporte, confiando em que poderia cobrir os dois aspectos. Saiu assim da cidade, indo pra capital do Estado, buscar sua orientação. Diante do quadro apresentado, a nutricionista esportiva preocupada com a quantidade de proteína necessária indicou o consumo diário de 4 a 6 ovos (inteiros ou apenas claras). 

Cabe aqui uma observação: embora o ovo – em especial a clara - seja um excelente alimento fonte de proteína da mais alta qualidade, possui uma característica alergênica e, consumida na frequência e quantidade indicada poderia levar – como neste caso de fato levou - ao desenvolvimento de uma sensibilidade à proteína do ovo. 

Foi assim que ela chegou a mim: esportista vegetariana com sensibilidade à albumina. Suspender o consumo de ovos era fundamental por um período, até dessensibilizar o sistema imunológico, mas ela comeria o que?!? 

Foi introduzido no lugar do ovo um rodízio de fontes vegetais de proteínas na forma de leguminosas, cereais, cogumelos e castanhas, procurando variar bastante tanto na variedade quanto nas preparações. 

Substitui a dieta “repente do ovo, ovo, ovo” onde a alimentação fica parecida com a batida de um repente nordestino, igual sempre por uma melodia de alimentos variados. Todo esportista de fato precisa cuidar das proteínas ingeridas, mas quando se trata de um esportista vegetariano a prioridade é atender a esta necessidade diversificando ao máximo as fontes alimentares consumidas. A proteína é o componente que nosso sistema  imunológico lê para preparar suas defesas. 

As alergias, intolerâncias ou sensibilidades alimentares envolvem nosso sistema imunológico, confundindo-o. Assim, uma proteína alimentar que deveria apenas ser digerida e absorvida, pode causar outro efeito: pode estimular a produção de uma defesa contra ela mesma no nosso sistema imunológico. 

Toda vez que esta proteína é ingerida, as defesas são acionadas e os sintomas de sensibilidade aparecem. Quais são eles? 

Os sintomas podem ser no próprio intestino ou no corpo e vão, por exemplo, de distensão abdominal, dor e diarreia ou constipação, irritação na pele, rinites e outros sintomas inflamatórios até dores nas articulações, cansaço excessivo, irritabilidade. 

Qual o segredo para driblar estes efeitos? Tenha uma alimentação muito variada, rodizie sempre os alimentos ricos em proteínas e esteja atento aos sinais que teu corpo te mostra.