Ao sair de férias, recebo um e-mail do amigo Edson Siqueira me fazendo um convite: cuidar da pauta de nutrição do UNAVEG.
Pausa, penso, aceito e, com o convite aceito, veio aquela alegria de poder falar tecnicamente sobre a dieta vegetariana junto com a preocupação de fazê-lo de forma acessível e cativante pra qualquer pessoa, vegetariana ou não.
É sempre um prazer muito grande eu receber um novo paciente se dizendo vegetariano, independente de qual a modalidade: se ovolacto(veg), ovo(veg), lacto(veg) ou vegano.
Mas, olhando este grupo de perto, a única coisa em comum entre eles é a escolha de não consumir mais nenhum tipo de carne. Tirando isso são todos únicos, como qualquer pessoa neste planeta, e cada um tem uma história de vida e de alimentação.
São algumas destas histórias nutricionais que quero contar aqui hoje.
HISTÓRIA 1: “Junk food” sem carne
Uma adolescente bem magra foi mandada pela mãe preocupada porque a filha havia resolvido ser vegetariana.
Foto: S.O.S. Vegan / Divulgação |
Ao fazer o levantamento dos alimentos que ela consumia entendi os motivos da mãe: a filha não consumia nenhuma verdura exceto brócolis e nenhuma fruta exceto banana. A base alimentar dela era: massa, pizza, salgados assados, leite, queijo, iogurte, ovos. Ponto. Apelidei a dieta dela de “junk food sem carne” numa alusão à dieta fast food – muito calórica e pobre em nutrientes. Esta nova vegetariana estava muito longe de ter uma alimentação vegetariana DE FATO. Nos últimos 4 anos ela vem aprendendo a comer todos os vegetais, frutas, cereais e leguminosas, assim como os equivalentes consumidores de carnes que não comem vegetais e frutas.
Quando pensamos numa alimentação vegetariana ou vegana, automaticamente pensamos em alguns grupos alimentares que podem mudar em quantidade de acordo com a necessidade individual, conforme mostra a tabela abaixo. No entanto, o consumo de cereais, leguminosas (feijões), frutas, legumes e verduras, leites ou bebidas lácteas vegetais (leites de sementes, por exemplo, leite de arroz, aveia, amêndoa, inhame etc.) são comuns em qualquer alimentação sem carne. Pensar que eliminar carnes do cardápio torna alguém vegetariano é engano, se o consumo dos grupos alimentares básicos da dieta vegetariana não ocorrer.
Retirar as carnes da alimentação é uma etapa. Consumir todos os grupos alimentares vegetarianos/veganos é outra. Isto é fundamental porque as necessidades de proteínas, vitaminas e minerais são atingidas apenas quando a alimentação envolve uma grande variedade de alimentos vegetais e/ou derivados animais (laticínios, ovos, mel etc.).
Foto: CDRB / Divulgação |
TABELA. Possibilidades de frequência alimentar de cada grupo nutricional
OBS:
onde lê-se “carne e ovos”, na dieta vegetariana entende-se
apenas “ovos”
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Agora então responda você, numa autoanálise, às seguintes perguntas: Conhece os alimentos que pertencem a cada grupo? Consome alimentos de todos estes grupos diariamente? Como distribui os alimentos que consome? A informação é fundamental e você precisa se sentir seguro e confiante de suas escolhas alimentares. Comer sem carne é totalmente possível, mas requer conhecimento alimentar. Para uma orientação individualizada consulte um nutricionista especialista em vegetarianos.
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