Por Manuela Ibi, nutricionista.
A família e os amigos até aceitam, aparentemente, a escolha de ser vegetariano. Desde que esteja tudo bem com a saúde. Mas esta situação muda rapidamente em algumas situações de stress.
A família e os amigos até aceitam, aparentemente, a escolha de ser vegetariano. Desde que esteja tudo bem com a saúde. Mas esta situação muda rapidamente em algumas situações de stress.
Por exemplo, e se o vegetariano espirra? Um comenta: “tá faltando carne ai”... E se pegar de fato um resfriado? Alguém solta: “melhor fazer todos os exames logo pra ver se você não tá com anemia profunda, afinal você não come carne”... E se o exame der mesmo que você está com um pouco de anemia? Ah! Aí está a prova de que não comer carne faz você ficar doente!
Os pacientes vegetarianos me contam que estes comentários são muito comuns. Tanto que eu até apelidei-os de “bulling carnívoro”. Não há embasamento científico nenhum nestas afirmações. Tanto na literatura quanto na minha prática clínica tenho, por exemplo, tantos anêmicos carnívoros quanto vegetarianos. A produção de hemácias (células vermelhas responsáveis pelo transporte de oxigênio e associadas à anemia) é tão complexa e necessita de tantos nutrientes que é impossível concluir que a falta de consumo de carne (em outras palavras, ferro) seja a causa.
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Carnes e vegetais possuem ferro, mas de formas diferentes e que interferem na sua absorção. O ferro da carne é do tipo HEME, absorvido espontaneamente em taxas muito elevadas. Já o ferro vegetal, por exemplo, o ferro contido nas leguminosas é conhecido como ferro NÃO HEME. Este “gancho” HEME que facilita a absorção é facilmente substituído pela vitamina C. Assim, a combinação ferro NÃO HEME e vitamina C – presente em vegetais e frutas, especialmente nas cítricas – resolve o problema da taxa de absorção, tornando-a quase tão eficiente quanto a outra. Uma quantidade adequada de ferro para substituir uma porção de carne é atingida, por exemplo, consumindo na mesma refeição 7 colheres de sopa de feijão e um suco de acerola.
As fontes de ferro vegetais são inúmeras e variadas; além de todas as leguminosas (feijões, soja, lentilha etc.) encontramos ferro na gema do ovo, no açaí com banana e mel, no damasco, nos cogumelos secos, no agrião e espinafre cozido, nas amêndoas. Mas o que poucos sabem é que alguns temperos adicionam pitadas de sabor e ferro nos alimentos: salsinha seca, canela em pó, coentro seco, curry, endro seco, gengibre em pó são os campeões.
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A manutenção da saúde através de uma boa combinação alimentar é conseguida facilmente por vegetarianos esclarecidos e bem orientados. As estatísticas populacionais sobre doenças crônicas como diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão e câncer mostram uma verdadeira “proteção” do vegetarianismo sobre a saúde. Sim, podemos dizer que vegetariano adoece menos mas, evidentemente, o vegetarianismo não é uma couraça a prova de qualquer doença.
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