quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Pra que ficar triste?

Foto UNESP Divulgação 
Por Juliana Hunger Hoffmann Psicóloga e Arteterapeuta. Atua na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (UNESP - Botucatu)





Todos nós provavelmente já passamos por essa situação: Chegamos ao trabalho/escola/faculdade um pouco cabisbaixos ou desanimados, e recebemos uma enxurrada de frases do tipo “Nossa que cara, por que você está assim? Não fique triste!”, “Ficar assim não adianta nada!”, “Você tem um monte de coisas boas na sua vida, fique feliz!”, “Você é mais forte do que isso, sorria!”. 


Mas será que esquecer os motivos que nos deixam tristes é realmente a melhor maneira de lidar com eles? 

É claro que, quando vemos que alguém de quem gostamos não está bem, queremos que essa pessoa melhore e tentamos fazê-la feliz, porém é importante entendermos que a tristeza é um processo não só importante como necessário, e que não deve ser ignorado. 

Na verdade, ficar triste é um momento que deve ser vivido o mais plenamente possível, pois é quando nossa energia psíquica se volta para nós mesmos, a fim de que possamos esclarecer os sentimentos pelos quais estamos passando.

Aliás, a tristeza vai além disso: ela pode ser regenerativa e enriquecedora, e preceder um trabalho criativo, o que é um processo muito bonito nas nossas vidas. Podemos fazer uma comparação com a lagarta, que se fecha em seu casulo para se transformar em borboleta. 


Mas o que vemos atualmente é o contrário: Num mundo de velocidade cada vez mais rápida, não damos espaço e tempo para que nossos lutos e tristezas sejam vividos como deveriam, e então quando ficamos tristes somos facilmente classificados como deprimidos, tomamos calmantes e antidepressivos porque talvez tenhamos desaprendido a lidar com esses sentimentos, e não conseguimos suportá-los. 

A depressão existe e deve ser levada a sério, mas devemos nos atentar quando estamos tristes ou quando vemos alguém próximo de nós assim é a intensidade e a duração dessa tristeza, que caso se alastre por muito tempo, deve ser acompanhada por um profissional. 

Quando sentirmos então essa necessidade de ficarmos tristes, podemos sim nos entregar a esse sentimento, tentar entendê-lo e respeitá-lo para que possamos sair de nossos casulos mais fortes do que entramos!

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